Publicado em 14-Abr-2012
É mais do que sintomático o
comportamento da Veja que, para desviar o foco das investigações e da
mobilização pela instalação de uma CPI no Congresso Nacional, vem com a tese de
que o PT quer usar a CPI para investigar as ligações entre Cachoeira, o senador
Demóstenes Torres (ex-DEM, hoje sem partido) e outros políticos para encobrir o
chamado “escândalo do mensalão”. E para que os envolvidos não sejam julgados.
Nada mais falso. Vemos aqui o claro interesse de a revista confundir o público e
tirar os holofotes do escândalo da ligação de Cachoeira com o senador Demóstenes
e da cadeia de interesses dela decorrente. E na esteira dessa gravíssima
denúncia de contaminação da máquina pública por interesses privados e
criminosos, uma triste constatação: alguns órgãos de imprensa, onde se destaca a
Veja, serviram-se de informações engendradas no esquema criminoso de Cachoeira
para produzir matérias denuncistas.
É mais do que sintomático o comportamento da Veja,
cuja matéria capa desta semana tenta tirar os holofotes das gravíssimas
denúncias em torno do esquema criminoso comandado pelo contraventor e empresário
Carlos Cachoeira, com tentáculos em esquemas de governo e no qual estão
envolvidos políticos de diversos partidos, muito especialmente os da
oposição.
Para desviar o foco das investigações e da
mobilização pela instalação de uma CPI no Congresso Nacional, a Veja vem com a
tese de que o PT quer usar a CPI para investigar as ligações entre Cachoeira, o
senador Demóstenes Torres (ex-DEM, hoje sem partido) e outros políticos para
encobrir o chamado “escândalo do mensalão”. E para que os envolvidos não sejam
julgados.
Nada mais falso. Eu sou réu neste processo e sempre
disse que quero ser julgado para provar a minha inocência. O que a Veja quer
fazer, secundada por outros veículos da grande mídia, é transferir ao PT o seu
modus operandi de jogar poeira nos olhos dos leitores para turvar a
realidade, desviar o foco e anestesiar os fatos para construir a pauta política
que lhe convém. No caso, tenta, desde 2005, quando eclodiu o escândalo do uso de
recursos de caixa dois para pagar dívidas de campanha de partidos da base do
governo Lula, transformar o crime eleitoral em crime político de compra de votos
de congressistas em matérias de interesse do governo. E segue ignorando os autos
do processo.
Pressão aos juízes
O que ocorre agora é mais um movimento dessa
campanha, centrada na pressão aos juízes do STF para um julgamento político do
“mensalão”, no lugar de um julgamento baseado em fatos e provas. Nada de novo,
com o agravante de que, ao trazer o escândalo do “mensalão” para o centro dos
debates tentando atropelar o julgamento do processo, tem claramente o interesse
de confundir o público e tirar os holofotes do escândalo da ligação de Cachoeira
com o senador Demóstenes, e da cadeia de interesses dela
decorrente.
Só para lembrar: o caso do mensalão emergiu dentro do
escândalo Cachoeira-Demóstenes pelo fato de o ex-prefeito de Anápolis, Ernani
José de Paula, ter denunciado que a gravação de entrega de propina nos Correios
em 2005 – que deu origem à CPI dos Correios e ao mensalão – foi patrocinada pelo
esquema de Cachoeira.
Na esteira dessa gravíssima denúncia de relações e
contaminação da máquina pública por interesses privados e criminosos, uma triste
constatação. A de que alguns órgãos de imprensa, onde se destaca a Veja,
pretensa guardiã da ética e bons costumes das elites, serviram-se de informações
engendradas no esquema criminoso de Cachoeira para produzir matérias
denuncistas. Que fatídica aliança! Com esta matéria de capa, a Veja tenta livrar
sua própria pele e escamotear seus métodos de fazer jornalismo que atentam
contra a ética da profissão; em suma, contra a
democracia.