Enviado por luisnassif, sex, 13/04/2012 - 13:20
Autor: Luis Nassif
Na condição de réu, o senador Demóstenes Torres teve acesso às peças do inquérito Monte Carlo.
Agora, está selecionando informações para, em conluio com
jornalistas do esquema Cachoeira, jogar o foco das investigações na
Construtora Delta. Sabendo-se das ligações de Cachoeira com a Delta, é até risível
matéria informando sobre as tratativas do bicheiro para conseguir acesso
a altos executivos da empresa - como se fosse uma figura menor
aproximando-se da toda poderosa Delta.
A lógica da estratégia Cachoeira-Demóstenes-aliados é simples. A
Delta é parte do universo a ser investigado; Cachoeira é o todo. Focando
da Delta, tenta-se tirar do foco o chefe da quadrilha, Cachoeira, seu
principal lugar-tenente, Demóstenes assim como as ligações midiáticas da
estrutura criminosa.
De quebra, destiimulam-se peemedebistas - já que a Delta tem
relações com o governador Sérgio Cabral Filho - e petistas - relações
com o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz.
Nos próximos dias, haverá um aumento da chantagem de alguns
veículos sobre políticos. É um jogo intimidatório pesado. Parlamentares
escolhidos para a CPI serão alvo de represálias do esquema criminoso.
Haverá também a estratégia de misturar factóides com fatos objetivos,
visando embolar o entendimento da opinião pública. Essa CPI mostrará se o país poderá aspirar um lugar no mundo
moderno, se dispõe de instituições capazes de enfrentar toda sorte de
poderes - Executivo, Judiciário, Legislativo e o até agora intocável
poder midiático. Se se quiser, de fato, passar o país a limpo, o Congresso terá que
pagar para ver, assim como parece estar sendo a posição do Executivo.
Seria medida de prudência jornais e jornalistas se darem conta de
que rompeu-se a muralha do silêncio e do medo. Veículos e jornalistas
que entrarem no esquema correrão o risco de serem indiciados pela
Justiça. Acabou-se a era da plena impunidade para o mau jornalismo.