quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uniban revoga expulsão de aluna

Uniban revoga expulsão de aluna

09/11 - 19:04 , atualizada às 14:54 10/11
Bruno Rico, iG São Paulo
A Uniban (Universidade Bandeirante) revogou no início da noite desta segunda-feira a decisão do conselho universitário que expulsou a aluna Geisy Villa Nova Arruda. No último dia 22, ela foi perseguida e xingada por cerca de 700 pessoas nos corredores da instituição, no campus de São Bernardo, em São Paulo, por usar um vestido curto.
A decisão foi anunciada por meio de nota, que não trouxe mais detalhes sobre o caso.
"O reitor da Universidade Bandeirante - Uniban Brasil de acordo com o artigo 17 - incisos IX e XI, de seu regimento interno -, revoga a decisão do Conselho Universitário proferida no último dia 6 sobre o episódio do dia 22 de outubro, em seu campus em São Bernardo do Campo. Com isso, o reitor dará melhor encaminhamento à decisão."
Os advogados da estudante ainda não foram informados. "Até o momento não fomos informados oficialmente. Por isso, ainda consideramos a aluna expulsa. Mesmo que a universidade revogue a expulsão o inquérito policial que já foi aberto continua. São coisas distintas para nós", afirma João Ibaixe Jr.
Entrevistados pela reportagem do iG nesta segunda-feira, a maioria dos alunos da universidade atribuiu a Geisy a responsabilidade pelo ocorrido em 22 de outubro, mas é consenso que a decisão da direção de revogar a expulsão foi acertada. “Ela provocou a situação. Então acho que ela deve ser punida. Talvez com uns três dias de suspensão”, disse o estudante de logística, de 38 anos, Marcelo Alves.
Os estudantes também disseram entender que expulsar Geisy contribuiu para "denegrir o nome da instituição". Eles defendem que a aluna seja apenas punida e que o caso se encerre o quanto antes. “Acho que tanto ela quantos os alunos que a agrediram devem ser punidos igualmente. Mas não expulsos. Se for assim, as duas partes sairiam bem e o caso terminaria”, afirmou a estudante de Rádio e TV, SFT, que preferiu não se identificar.
Já a estudante, militante da UNE e da Marcha Mundial das Mulheres Evelyn Lima, que esteve em frente a universidade para protestar nesta segunda-feira contra a expulsão, a investigação sobre os agressores não deve parar. “Acredito que [a decisão] não é mais do que a obrigação. Mas queríamos, na verdade, organizar uma comissão para investigar quem fez isso [a agressão]. Desse jeito ela não vai mais quer voltar para a faculdade”, afirmou.
Uma nota da Uniban anunciando a expulsão de Geisy foi publicada em forma de informe nos principais jornais de São Paulo no final de semana. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, os advogados da estudante afirmaram que vão processar a universidade por sete crimes: difamação, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, cárcere privado, incitação ao crime e ato obsceno.
Geisy, que participou da entrevista, diz que gostaria de terminar o semestre. "Só quero entrar na sala, sentar e estudar."
Suspensos
No mesmo dia anunciou a expulsão de Geisy, que foi revogada na segunda-feira, a Uniban informou que a sindicância da instituição decidiu também suspender temporariamente os estudantes envolvidos no tumulto e advertir os funcionários que foram identificados.
A universidade, por meio do assessor jurídico da reitoria, afirmou que a Uniban decidiu não divulgar os nomes dos alunos suspensos e nem o número de punidos.

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